Quando conhecemos alguém, gostamos da pessoa pelo que ela é.
Um ser livre, desenvolto...
Erradamente — porque confundimos o direito de gostar de alguém com o erro de querer tomar posse da pessoa — domesticamos pouco a pouco a pessoa. E para quê? Para mais tarde dizermos que ela mudou, que está diferente, e que o encanto desapareceu.
Somos nós próprios que, por medo, por falta de confiança, apagamos o encanto das pessoas que achamos que amamos.
Mas isto não é amar.
Mas então porque não deixamos a pessoa ser tal e qual como ela era?
Em suma, porque não é fácil.
Nem para nós, nem para ela.
O "gostar de alguém" é acompanhado por diversos mecanismos negros, entre eles o ciúme.
E, por favor, não me venham com a treta dos ciúmes saudáveis. Isso não existe. É uma desculpa para quem não gosta achar que gosta.
Quem gosta tem ciúmes e acabou.
Como os aprendemos a controlar, é outro assunto.
Ciúme é uma coisa séria, que deixa marcas, que magoa.
Mas se formos capazes, apenas permitimos que nos magoe a nós.
Na verdade, penso que ninguém tem o direito de exteriorizar ciúmes.
Penso ser uma coisa tão privada, talvez a mais privada que deva existir.
Mais privada do que a nudez, mais privada do que a mentira.
O ciúme pode e deve existir, mesmo o doentio (para os verdadeiros amantes).
Mas não pode nunca ter o direito de ser exteriorizado.
O verdadeiro ciumento procura o ciúme, vasculha por ele em cada relação que tem.
Sabe que o vai fazer sofrer e, inconscientemente, é mesmo isso que procura — sofrer.
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